Algumas evidências sugerem que o consumo leve a moderado de álcool protege contra doenças cardiovasculares. Entretanto, esse efeito cardioprotetor do consumo de álcool em adultos está ausente no nível da população. Aproximadamente 20 a 30% dos pacientes internados em um hospital são usuários de álcool. Na prática médica, é essencial que os níveis de consumo dos pacientes sejam conhecidos por causa dos muitos efeitos adversos que podem resultar no curso dos cuidados de rotina. Os danos causados pelo etanol ao coração são evidentes se o consumo de álcool exceder 90 a 100 g/d. O consumo pesado de etanol leva ao aumento do risco de morte súbita do coração e de arritmias cardíacas. Em pacientes com doença coronariana, o uso de álcool estava associado ao aumento da mortalidade. Uma resposta precoce ao consumo de álcool foi o aumento da espessura da parede ventricular em relação ao diâmetro, possivelmente procedendo com o consumo contínuo de álcool para cardiomiopatia alcoólica, que teve um resultado pior comparado com a cardiomiopatia dilatada idiopática se o consumo não foi interrompido ou pelo menos reduzido (< 60 g/d). Na UTI, pacientes com alcoolismo crônico têm mais complicações cardíacas no pós-operatório. Essas complicações provavelmente são causadas por disfunção biventricular, particularmente com a ocorrência de infecções graves ou choque séptico, eventos que são três a quatro vezes mais freqüentes entre os alcoólatras crônicos do que entre os bebedores ocasionais ou não. Para prevenir complicações futuras do consumo de álcool e para o manejo a longo prazo do consumo, pacientes com abuso de álcool e insuficiência cardíaca devem ser tratados em breves programas de intervenção e acompanhamento. O prognóstico é bom mesmo em pacientes com insuficiência cardíaca classe IV da New York Heart Association, causada por cardiomiopatia, se a abstinência completa for alcançada. O não cumprimento das restrições ao fumo e ao álcool, que são passíveis de mudança, aumenta drasticamente o risco de reinternações hospitalares entre os pacientes com insuficiência cardíaca.