Uma revista semanal popular baseada em São Paulo está sob fogo por apresentar somente rostos brancos em sua capa “Brasileiros do ano” – debaixo de uma manchete que pergunta por que “racismo irado” ainda existe.
A capa provocou indignação em um país onde a maioria das pessoas se descreve como negros ou mestiços. O racismo tornou-se um tema cada vez mais quente à medida que o Brasil enfrenta a sua violenta história de escravidão e questiona a sua querida auto-imagem de uma democracia racial harmoniosa.
A capa deIstoé apresenta 10 pessoas – incluindo o juiz anti-corrupção Sérgio Moro, o ministro das finanças, Henrique Meirelles, e o ator Isis Valverde – todos brancos.
“Eu só queria vomitar quando vi isso”, disse Lena Santana, 48 anos, uma brasileira negra que compartilhou sua raiva sobre a capa no Facebook. “É um insulto”
Santana, professora de design de moda na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, disse que a revista estava se movendo na direção oposta à sociedade brasileira.
“Nada contra os brancos”, disse Santana, “mas vamos lá, temos carreiras, trabalhamos duro, temos cérebro, pensamos, falamos””
Brasileiros do ano só se para do país Noruega do Sul 🤔
PQ NÃO TEM NENHUM NEGRO AI? Se enfiou Ísis Valverde, que enfiasse Taís Araujo!! @RevistaISTOE pic.twitter.com/xzlaG1MihI– André Medina (@medina_andr) 2 de dezembro de 2017
Reação através das mídias sociais foi scathing. “Brasileiros do ano somente se o país for o Sul da Noruega. Por que não há lá um único negro”, perguntou um usuário do Twitter.
Sérgio Pardellas, o editor da Istoé, disse Lázaro Ramos, um ator negro de destaque, que tinha sido convidado para a capa, mas não pôde assistir a uma gala de premiação e foi substituído. Ele disse que a revista já homenageou negros brasileiros, como o ex-juiz da Suprema Corte Joaquim Barbosa, e sua irmã Istoé Dinheiro apresenta o empresário negro Celso Althayde como um de seus seis líderes empresariais do ano.
“É uma falsa controvérsia. De forma alguma discriminamos ninguém”, disse Pardellas.
Ele disse que a mesma edição incluía artigos sobre o abuso racista sofrido por uma criança negra africana adotada pelos atores brancos Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, e pelo ator negro Diogo Cintra, que foi muito espancado no mês passado numa estação de metrô de São Paulo, enquanto os seguranças ficavam parados.
A fila sobre a capa da revista veio logo após o ator de destaque Taís Araújo – esposa de Lázaro Ramos – compartilhar uma palestra do TED que ela fez em São Paulo em agosto chamada “Como criar crianças doces em um país ácido”.
“Meu filho é um menino negro”. E a liberdade não é um direito que ele vá desfrutar”, disse ela, acrescentando que quando ele se torna um adolescente, é provável que seu filho enfrente buscas violentas da polícia e a presunção de que ele é um bandido.
“No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz as pessoas mudarem de calçada, prenderem suas malas e blindarem seus carros”, disse ela.
Ivone Caetano, juiz de apelação negro e diretor de igualdade racial da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro, disse que o Brasil estava começando a perceber o quão racista é.
“A democracia racial é sempre referida, mas nunca existiu aqui”, disse ela. “Ao tornar o preconceito no Brasil invisível, ela tirou as armas que os negros poderiam ter para lutar contra toda essa questão”.”
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