Joseph, Marido de Maria

JOSEPH, HUSBAND OF MARY

1. Referências no Novo Testamento:

(Para etimologia, etc., de José, veja JOSEPH):

José, o carpinteiro (Mateus 13:55), era um “homem justo” (Mateus 1:19 a Versão do Rei Tiago), que pertencia a Nazaré (Lucas 2:4). Ele era descendente de Davi (Mateus 1:20; Lucas 2:4), o filho de Heli (Lucas 3:23) ou Jacó (Mateus 1:16), o marido de Maria (Mateus 1:16), e o suposto pai de Jesus (Mateus 13:55; Lucas 3:23; 4:22; João 1:45; 6:42).

(1) Antes da Natividade.

Só os Evangelhos de Mateus e Marcos dão qualquer referência detalhada a José e ao nascimento de Jesus, e seus relatos variam em parte. Lucas começa com a Anunciação a Maria em Nazaré (Lucas 1,26-38). Desiludida com a notícia, Maria partiu “com pressa” “para a região montanhosa, …. para uma cidade de Judá”, para buscar a comunhão com Isabel, com a qual tinha sido unida na Anunciação pelo anjo Gabriel (Lucas 1,39-55). Após permanecer com ela cerca de três meses, ela voltou “para sua própria casa” (Lucas 1:56, a Versão do Rei Tiago). Os eventos registrados em Mateus 1:18-24 provavelmente ocorreram no intervalo entre este retorno e o nascimento de Jesus. Durante a visita de Maria a Isabel, José provavelmente tinha permanecido em Nazaré. A partida abrupta e provavelmente inexplicável de sua esposa desposada para Judá (compare a frase “com pressa”), e a condição dela no seu retorno, tinham causado a ele grande sofrimento mental (Mateus 1:18-20). Embora a sua indignação fosse temperada com misericórdia, ele estava disposto a afastá-la “secretamente”, mas a visita do anjo em seu sono o aliviou do seu dilema, e ele se reconciliou com sua esposa (Mateus 1:24). A narrativa é então continuada por Lucas. Enquanto José e Maria ainda moravam em Nazaré, “saiu um decreto de César Augusto, para que todo o mundo fosse inscrito” (Lc 2,1). “E todos foram inscrever-se, cada um para a sua cidade” (Lc 2, 3). Sendo da casa e linhagem de Davi, José subiu com Maria, que era “grande com criança”, da Galiléia, “da cidade de Nazaré, para a Judéia, para a cidade de Davi, que se chama Belém” (Lucas 2:4,5), e ali nasceu Jesus (Lucas 2:7; compare Mateus 2:1).

(a) O relato de Lucas:

Os dois relatos agora divergem consideravelmente. Segundo Lc, a Sagrada Família permaneceu por um tempo em Belém e lá foram visitados pelos pastores (Lc 2:8-20). Depois de uma estada de 40 dias para a purificação (compare Lucas 2:21,22; Levítico 12), José partiu com sua esposa para Jerusalém “para apresentar” o menino Jesus “ao Senhor” e oferecer sacrifício segundo a lei antiga (Lucas 2:24). Lá ele estava presente na profecia de Simeão e Ana sobre Jesus, e recebeu a bênção do primeiro (Lucas 2,34). Depois de “terem cumprido todas as coisas segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua própria cidade, Nazaré” (Lucas 2:39). Todos os anos, na Páscoa, eles fizeram esta viagem a Jerusalém (Lucas 2:41). O cuidado e a solicitude de José e Maria pelo menino Jesus e sua dor pela Sua perda temporária também foram registrados (Lucas 2:45,48,51). Há evidências de que, embora Maria “guardasse todas estas coisas em seu coração”, José ao menos não tinha entendimento então da natureza divina da acusação cometida aos seus cuidados (Lucas 2:50).

(b) O relato de Mateus:

Mas segundo Mateus foi dos Sábios do Oriente que Jesus recebeu homenagem em Belém (Mateus 2:1-11). Não há mais menção da viagem dedicatória a Jerusalém, ou do retorno a Nazaré. Em vez disso, é dito que na partida dos Sábios de Belém, José foi avisado num sonho da ira iminente de Herodes, e escapou com sua esposa e o menino Jesus para o Egito (Mateus 2:13,14). Com a morte de Herodes, um anjo apareceu a José, e ele voltou à terra de Israel (Mateus 2:19-21). Sua intenção original era se estabelecer mais uma vez na Judéia, mas ao saber que Arquelau, o filho de Herodes, era o governante lá, “retirou-se para as partes da Galiléia, e veio e habitou em uma cidade chamada Nazaré” (Mateus 2:22,23).

(c) A Sequência Correta das Duas Narrativas:

A narrativa de Mt implicaria assim que a Sagrada Família não tinha nenhuma conexão com Nazaré antes de seu retorno do Egito. Entretanto, foi sugerido por Ramsay que Mt meramente relata o que era de conhecimento comum, e que Lc, embora bastante conhecedor disso, complementou-o em seu próprio Evangelho com detalhes conhecidos somente pela Sagrada Família, e em parte somente pela mãe (compare Sir W. Ramsay, Was Christ Born at Bethlehem? 78-79). Uma comparação das duas narrativas evangélicas deixa claro que a visita dos Reis Magos caiu em uma data posterior à dos pastores. Esta última ocorreu imediatamente após a Natividade (compare com Lucas 2,11.15.16, “nasce …. neste dia”, “vamos agora”, “e eles vieram com pressa”). Por outro lado, quando os Sábios vieram a Jerusalém, Cristo já havia nascido (compare Mateus 2:1). Foi necessário tempo para esta viagem a Jerusalém e a consulta de Herodes com os principais sacerdotes (Mateus 2:4); e durante este intervalo os eventos registrados em Lucas 2:8-39 tinham ocorrido. Que havia tempo suficiente para isso é atestado também pelo fato de que o decreto de Herodes foi dirigido contra crianças de até dois anos de idade (Mateus 2:16). Assim, foi depois do retorno da Sagrada Família a Nazaré, e em uma nova visita a Belém, implícita pelo Mt mas não registrada por Lc, que o menino Jesus recebeu a adoração dos Reis Magos. Tendo Jesus nascido em 6 AC, isso aconteceu em 5 AC, e como Herodes morreu em 4 AC, José pode ter perdido apenas uma das Páscoas (compare com Lucas 2,41) por sua fuga para o Egito. (Para uma discussão completa, compare Ramsay, op. cit.) Como nenhuma menção é feita a José nas partes posteriores dos Evangelhos onde a Sagrada Família é referida (compare Mateus 12:46; Lucas 8:19), é comumente supor que ele morreu antes do início do ministério público de Cristo.

2. Caráter:

Se um tipo deve ser procurado no caráter de José, é o de um homem simples, honesto, trabalhador, temente a Deus, que estava possuído de grandes simpatias e um coração quente. Estrito na observância da lei e costumes judaicos, ele ainda estava pronto quando surgiu a ocasião de tornar estes subservientes à lei maior do Espírito. Demasiado prático para possuir qualquer discernimento profundo sobre os mistérios Divinos ou significado eterno dos acontecimentos que vieram dentro de seu conhecimento (compare com Lucas 2:50), ele foi rápido para responder ao que ele percebeu ser o chamado direto de Deus (compare com Mateus 1:24). Originalmente um “homem justo” (a Versão do Rei James), a clemência natural dentro do seu coração prevaleceu sobre a mera justiça, e pelos sussurros do Espírito Santo essa clemência foi transferida para um amor forte e duradouro (compare Mateus 1:24). José é conhecido para nós apenas como uma figura obscura no fundo das narrativas evangélicas, mas a sua reconciliação de todo o coração com Maria, mesmo diante de possíveis calúnias dos seus vizinhos, o seu total abnegação, quando deixou tudo e fugiu para o Egipto para salvar o menino Jesus, são indicativos de que ele não era indigno de cumprir a grande confiança que lhe foi imposta pelo Pai Eterno.

3 Referências na Literatura Apócrifa:

O Evangelho da Infância segundo Tiago, uma obra composta originalmente no século II, mas com adições posteriores (compare Hennecke, Neutestamentliche Apokryphen, 47-63), dá um relato detalhado do casamento do velho José com Maria, da sua viagem a Belém, e do nascimento de Jesus. Um evangelho semelhante, reputado por Tomé, o filósofo, de origem posterior e tendência gnóstica (compare Hennecke, 63-73), narra vários acontecimentos fantásticos e milagrosos na vida doméstica da Sagrada Família, e as relações de José com os mestres do Jesus jovem. Outras lendas, de fontes siríacas ou egípcias, também tratam da Infância, na qual José figura, estão presentes. O chefe é A História de José o Carpinteiro (compare Hennecke, Handbuch der neutestamentlichen Apokryphen, 95-105). Este contém um relato da morte e do enterro de José aos 110 anos de idade, e das súplicas de Maria a Cristo para salvá-lo. Seu objetivo era mostrar Cristo como o Salvador, mesmo na última hora, e a forma correta de morte cristã. José recebeu um lugar alto no Calendário dos Santos Católicos Romanos, sendo sua festa celebrada em 19.

C. M. Kerr

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