Anomalias ósseas congénitas da coluna cervical superior A anatomia do desenvolvimento e biomecânica da coluna cervical superior são únicas nas crianças. Anomalias ósseas congênitas nesta região podem estar associadas a um risco aumentado de comprometimento neurológico subsequente por instabilidade e/ou invasão da medula espinhal. Realizamos um estudo de duplo coorte avaliando anomalias ósseas congênitas da coluna cervical superior em crianças que apresentaram um ou mais problemas clínicos, e tentamos delinear o risco de possível comprometimento neurológico.
Métodos: Revisamos os prontuários médicos e estudos de imagem de todas as crianças observadas e tratadas por anomalias ósseas da coluna cervical superior em nossa instituição entre 1988 e 2003. Os pacientes foram divididos em duas coortes com base na presença ou ausência de síndromes associadas. Os parâmetros revisados incluíram dados demográficos, apresentação clínica e características de imagem. Todas as anomalias envolvendo o sistema nervoso central, a junção occipitocervical e o canal ósseo cervical superior foram incluídas. Seqüelas complicadoras, como estenose do canal, instabilidade segmentar e outras anomalias do sistema nervoso central e da coluna vertebral foram identificadas.
Resultados: Sessenta e oito crianças consecutivas foram identificadas. Vinte e um pacientes tinham uma síndrome subjacente descrita. Havia 234 anomalias ósseas (média de 3,4 por paciente). Três ou mais anomalias foram observadas em 79% dos pacientes. Não houve diferença significativa no número médio de anomalias (p = 0,80) ou na frequência de qualquer anomalia específica (p > 0,20 para todos) entre pacientes sindrômicos e não sindrômicos. A variedade de apresentações clínicas incluiu dor cervical (vinte e seis pacientes), alterações neurológicas (vinte e um pacientes) e torcicolos e/ou rigidez (vinte e um pacientes). Vinte e três pacientes tinham mais de uma queixa. Seis pacientes tinham instabilidade espinhal isolada, vinte e oito tinham invasão isolada da medula espinhal e seis tinham uma combinação de ambas. Quarenta e quatro (65%) dos sessenta e oito pacientes foram submetidos a descompressão cirúrgica e/ou artrodese focalizada principalmente desde o forame magno até a segunda vértebra cervical.
Conclusões: Como resultado desses achados, recomendamos uma avaliação completa e imagens avançadas da coluna cervical superior em todas as crianças que apresentam sintomas relacionados à coluna cervical superior, para identificar anomalias associadas e definir melhor a natureza da invasão do canal, incluindo qualquer potencial de comprometimento neurológico.